terça-feira, 9 de outubro de 2007



I – Objetivo
Apresentar a bibliografia pessoal e profissional do médico clínico vienense, Dr. Josef Breuer, apresentando suas contribuições para a Psicologia.que, juntamente com seu discípulo Sigmund Freud lançou o método de cura da histeria através da hipnose.


II. Método
a. Relação do material consultado:

FREUD, S. – Correspondência de Amor e outras cartas. Brasil: Nova Fronteira.
JCFAR (1994) Journal of the Centrefor Fredian Analysis as Research
LACANIANA, O. (2002) Revista Brasileira Internacional de Psicanálise
ROUDINESCO E PLON – Dicionário da Psicanálise. Brasil: Jorge Zahar Editor
JONES, E – vida y Obra de Sigmund Freud 1. Brasil: Editora Anagrama
VALENTE, N (2007) – História das Psicoterapias e da Psicanálise

b. Procedimento:

O estudo foi realizado através da pesquisa em livros, revistas e sites especializados em Psicanálise e nas bibliotecas de instituições privadas. Endereços estes obtidos através de indicações e de buscas.


III. Resultado

Nascido em15 de janeiro de 1842, clínico notável, austríaco e residente em Viena, Dr. Josef Breuer (1842-1925) é personagem fundamental na descoberta da psicanálise. Homem respeitado do séc.XIX, Breuer foi o primeiro clínico a se utilizar da técnica de “cura pela fala”. Ficou famoso por ter atribuído uma caracterização psicopatológica à histeria, como também por ter desenvolvido o método catártico para a cura da mesma.
O método catártico se utiliza da ampliação da consciência através da hipnose. Sua meta era eliminação dos sintomas patológicos através de um retrocesso temporal, onde o paciente se colocaria numa situação anterior à lesão. Sendo assim, o paciente acaba por restaurar lembranças antes perdidas, pensamentos e impulsos até então excluídos de sua consciência.

Breuer foi o primeiro clínico a dar uma importância real à histeria, visto que em sua época, a doença era sinônimo de birra, simulação, imaginação na melhor das hipóteses, e não merecia de forma alguma a atenção de um médico respeitável.
Seu caso mais famoso foi o tratamento de Bertha Pappenheim (1860-1936):

“Sua personalidade sensível sofreu muito com a longa doença terminal de seu pai, e das tensões por que passou resultou um colapso nervoso marcado por sintomas variáveis, como depressão e nervosismo, tendência ao suicídio, paralisias, perturbações visuais, contraturas musculares, e outros distúrbios que a deixavam praticamente uma inválida, apesar de contar na época por volta de vinte anos. Foi levada a um dos vários médicos judeus que formavam a elite dos cientistas vienenses, exatamente a Josef Breuer que a tratou de 1880 à 1882 e documentou o seu caso. Ele a submeteu ao que ela mesma denominou de "terapia de conversa", pois Breuer, que a havia submetido inicialmente a sessões de hipnose, descobriu depois que, dialogando com ela sobre sua vida, podia leva-la a relatar traumas de sua infância do mesmo modo que sob hipnose. Breuer ficou empolgado com a descoberta de que essas recordações faziam que a cliente se sentisse bem e desaparecessem os sintomas. Bertha Pappenheim teve, assim, um papel chave no desenvolvimento do método que Breuer denominou catarsis, e que viria ser o fundamento da futura Psicanálise.”

Juntamente com Freud, seu discípulo, Breuer escreveu o livro “Estudos sobre a Histeria” (Studien über Hysterie) que explica o caso de Bertha.

Breuer desenpenhou um papel paterno na vida de Freud. Se conheceram no Instituto de Fisiologia no fim da década de setenta, e, como estavam animados e com os mesmos interesses, não tardaram em tornarem-se amigos. A participação de Breuer na vida de Freud foi considerável, visto que foi ele quem o ajudou financeiramente e profissionalmente, suas famílias eram amigas.

Contudo essa amizade não perdurou por muito mais tempo, no mesmo ano em que era publicado o resultado de seu trabalho teórico, sob o título “Estudos sobre a Histeria”(1895), dois fatos desagradaram de maneira marcante a vida de Breuer, fatos esses que selaram seu afastamento completo do campo analítico e da prática terápica com pacientes neuróticos e histéricos. Um envolvendo sua mais famosa paciente, Anna O. e o outro envolvendo seu grande amigo Freud.
“Em seu estado neurótico e irresponsável a paciente Ana O., sob os efeitos do fenômeno que mais tarde seria identificado como "transferência", gabava-se até publicamente de ser amante e amada de seu médico Breuer, chegando a dizer ainda que se achava grávida dele... Isto colocou Breuer numa situação sumamente embaraçosa, tanto no aspecto social como no familiar. Não esqueçamos que estamos em pleno rigorismo moral do século XIX e na Viena da áustria ultracatólica.” (Valente, 2007)
De outro lado, Freud atreveu-se a publicar sozinho um outro trabalho em que se afastava frontalmente da linha traçada nas publicações contíguas e cujas teses concordavam, de certa forma, as afirmativas difamatórias de Ana O. Freud desenvolve a teoria da etiologia sexual das neuroses :
"Em cada paciente, em cada sintoma de cada paciente, chega-se inevitavelmente ao terreno das experiências sexuais" – a raiz do problema sempre estaria inserida num contexto sexual.
Isto marcava a ruptura final entre mestre e discípulo, e a de Breuer com os principiantes métodos da nova psicoterapia analítica.


Contribuições para a Psicologia:

Desenvolveu uma técnica para a cura de doenças (histeria e neuroses). através da fala que funcionava através da hipnose com a evocação do momento do traumaque podemos chamar de Psicanálise de Breuer. Essa técnica é a essência primitiva da Psicanálise como a conhecemos
Breuer foi o pai da Psicanálise. Foi ele que através do mecanismo de hipnose lançou a possibilidade de tratamento de histerias e neuroses, baseado em mecanismos de evocação da memória no momento do trauma precursor da referida doença psíquica, com a subseqüente cartarse (liberação de todas as emoções reprimidas anteriormente). É ele que demonstra ser possível a cura pela fala.
Resumo das conclusões de Breuer, baseado em suas experiências:
Os sintomas histéricos representam a expressão significativa de fatos traumáticos do passado (emocionalmente insuportáveis) aos quais permanecem estreitamente ligados. Constituem os resíduos mnêmicos de tais experiências traumáticas.
A sintomatologia histérica é a expressão da reação do corpo à eventos traumáticos ocorridos que foram reprimidos (devido à impossibilidade de aceitação e assimilação do evento, banindo-o para o inconsciente). Essas emoções represadas passam por diversas mudanças, sendo que os sintomas convertem-se em enervações ou inibições, gerando a crise histérica.
A cura ou alívio da histeria só pode ocorrer quando essas emoções reprimidas (inconscientemente) são exteriorizadas de maneira consciente (Breuer denominou como Katarsis a explosão dessa carga emocional negativa). Para que essa memória incosciente seja evocada para a consciência, se torna necessária a evocação do acontecimento precursor da histeria. A possibilidade de reviver esses eventos se dá através da hipnose, chamada de catártica.
Sendo imprescindível que, ao evocar o evento, este seja manifestado pelo paciente com a mesma carga de emoção gerada em sua primeira ocorrência (só assim haverá a cura efetiva). Se a evocação se der de maneira que não venha carregada emocionalmente nenhuma alteração será detectada no quadro do paciente.


IV.Conclusão

Breuer foi um personagem de importância crucial no surgimento e estabelecimento da Psicanálise e da Psicologia como ciências reais. Poderia ter contribuído em muitas outras teorias não fosse o deslumbramento e a ignorância de Freud que acabou ocasionando no abandono de Breuer pelas ciências analíticas.
Infelizmente, se sabe muito pouco sobre a vida de Breuer, por que quase todo o material que consta ao seu respeito está diretamente associado a seu antigo discípulo, Freud.